quinta-feira, 23 de setembro de 2010

"Amor sem escalas" e As metamorfoses no mundo do trabalho

O capitalismo contemporâneo teve, ao longo de seu desenvolvimento, influências diversas e decisivas nas condições de trabalho dos indivíduos. Vale retomar alguns determinantes históricos, visando um melhor entendimento das configurações atuais do mercado de trabalho do Serviço Social.
A situação no mundo do trabalho se complexifica ainda mais a partir da década de 70, cujas causas são várias, dentre elas estão: crise estrutural do capitalismo, fim do Leste europeu - social-democratizando alguns grupos da esquerda, que por sua vez estava passando por dificuldades -, e expansão do projeto neoliberal. No que diz respeito ao processo produtivo, as formas de acumulação baseada no taylorismo/fordismo (produção em massa, divisão de funções, controles amostrais e etc.) foram superadas pela então mais nova tecnologia que era o modelo toyotista, cujas fundamentações foram encimentadas na produção flexível, multifuncionalização da mão-de-obra, controle de qualidade total, perspectiva do “Just in time”, etc.
    Com isso, têm-se uma realidade dividida em duas veias contraditórias que passam a compor o espaço do trabalho: diminuição da classe operária industrial versus a expansão do trabalho assalariado. Isso traz como conseqüência uma série de fatores tais como: subproletarização, desproletarização expansão do desemprego estrutural (já que cada vez mais o homem é trocado pela máquina), heterogeinização, mulheres passam a serem incorporadas e jovens/idosos passam a serem excluídos, retrocesso de direitos, intelectualização do trabalho e etc.
Portanto, o Assistente Social como um profissional inserido na divisão social e técnica do trabalho, está inserido em todas essas transformações e sofre com a perda de direito dos trabalhadores. O espaço seletivo e limitado de vagas a serem ocupadas profissionalmente, causa uma competitividade no mercado, no qual muitas vezes se busca a qualificação em unidades de ensino de baixa qualidade que visam somente fornecer diplomas causando assim uma precarização na profissão, visto que, se tem uma demanda elevada de profissionais com uma formação inferior causando assim um rebaixamento dos salários.
   Os trabalhadores qualificados acabam se submetendo as exigências do mercado, tornando-se polivalentes, trabalhando mais horas do que deviam, e de forma precarizada. Ademais, essa nova forma de produção faz se evidenciar novas expressões da “questão social” que é o grande objeto de atuação da profissão. Vale salientar que, o setor terciário (que é onde se encontra o Serviço Social), depende da acumulação industrial, visto que, é esta a principal responsável por criar a mais-valia. Porém, é este setor que reproduz as relações sociais, legitimando esse processo acumulativo que, contraditoriamente, flexibiliza e precariza os trabalhos pertencentes a esta categoria. 

Fonte: ANTUNES, R. As metamorfoses no mundo do trabalho. In Adeus ai trabalho. São Paulo, Cortez, 1985.
Filme "Amor sem escalas"

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