sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Mundialização Neoliberal: economia e política no quadro da "onda longa" do último quarto de século (Marques, 2003)

É preciso considerar a tentativa de análise do texto mencionado acima no contexto do tema “mercado de trabalho”, a influência da mundialização econômica, o neoliberalismo e sua repercussão na classe trabalhadora.
Por análise de alguns autores o desenvolvimento do capitalismo manifesta-se por ciclos de expansão e contração sucessivos da produção de mercadorias e por sua vez, da produção de mais-valia (Mandel). Sendo que por expansão se está claro que o sistema capitalista está identificado pela alta da taxa média de lucro do capital circulante e da mais-valia e ao contrário nos períodos de estagnação compreendidos pela estagnação da taxa média de lucro, a queda do capital circulante e a estabilização ou queda da mais-valia.
A partir de 1974 o capitalismo mundial voltou a sofrer recessões profundas e longas. O crescimento caiu e as taxas de desemprego subiram substancialmente ou consideravelmente. Assistia-se ao esgotamento da “onda longa” expansiva do sistema capitalista iniciado nos pós-guerra dando início, agora, a estagnação.
A crise causada pela estagnação contribuiu para a chegada de Tacher (Inglaterra) e Reagan (EUA) ao poder. Corroborou para a implantação do tão sonhado receituário neoliberal em oposição ao modelo keynesiano, que contribuiu por décadas, mas que agora já não atendia as expectativas do novo receituário.
O discurso principal do neoliberalismo era que a crise se dava pelo poder excessivo de barganha dos sindicatos, ou seja, as reivindicações e conquistas da classe trabalhadora mais os gastos sociais pela esfera do Estado eram o grande impedimento para o país crescer.
A solução levantada entre a década de 80 para 90 seria simples: romper com esse poder dos sindicatos e os gastos sociais, além da intervenção econômica diminuírem. Então a taxa “natural” de desemprego e o restabelecimento de um exército de reserva de trabalho daria às empresas o controle do valor da mão de obra, o que instauraria uma correlação de forças mais desfavorável a classe trabalhadora. Os direitos conquistados dos trabalhadores passou a ser visto pelos neoliberais como nocivo aos interesses aos próprios trabalhadores e contrário à liberdade de mercado.
Surge com isso uma nova reorganização política e econômica adotada pelas políticas neoliberais, assumidas não só por governo conservadores, mas também por aqueles governos ligados à socialdemocracia. Os governos passam a inserir uma série de mudanças na organização produtiva o que provocou  uma forte diminuição das garantias dos assalariados. Estabeleceu-se uma reorganização do processo de trabalho, diminuindo as unidades produtivas, criando uma relação através de redes especializadas e flexibilizando a mão de obra empregada, o contribuiu para o enfraquecimento da capacidade de pressão dos assalariados. Tal flexibilização também atingi ao mercado de trabalho do assistente social, este também é pertencente a essa classe, pois todos têm que se submeter aos ditames do capital.
Os blocos supranacionais que são constituídos pelos grandes países, grandes potências junto com as organizações econômicas internacionais mais importantes (FMI e OMC) “dominam” o mundo, e ditam as regras aos demais países expandindo, assim, a mobilidade do capital. Há uma contradição existente nesta mobilidade, pois se tem a livre circulação de mercadorias, entretanto o mesmo não ocorre com pessoas.
            Podemos concluir que há uma crise do Estado, pois este perde cada vez mais sua autonomia, se sujeita cada vez mais ao mercado financeiro, e se tem a cada dia a deteriorização do Estado de Bem-Estar, aqui no Brasil não se chegou a isso, mas ele não deixou de ser influenciado pelos novos caminhos ditados pelo capitalismo. A mundialização neoliberal era acompanhada da idéia de que com a livre concorrência se levaria o bem estar à população, passados quase ¼ de século depois da sua “expansão” o que podemos ver é algo bem diferente, um agravamento das desigualdades entre países centrais e periféricos, e entre regiões e parcelas da população de cada país, com um número importante de pessoas sem acesso aos mínimos para sua sobrevivência de forma digna ou coerente com o contexto em vigor. 

 
Fonte: MARQUES, Elídio A. B. Mundialização neoliberal: economia e política no quadro da “onda longa” do último quarto de século. In Revista Praia Vermelha nº 9. Rio de Janeiro: UFRJ/PPGSS, 2003.

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