sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O Serviço Social nas décadas de 70 a 90

Sabemos que a prática do Serviço Social, ao longo de sua historicidade, é não linear e é atravessada por direções políticas diferentes. Nos deteremos aqui no Mercado de trabalho e suas ações profissionais desde a década de 70 até a década de 90, visando explicitar o desenvolvimento do campo de atuação dos assistentes sociais. 
A experiência com trabalhos de cunho coletivo é presente no histórico profissional e remete aos programas de desenvolvimento de comunidade dos anos 50, 60 e 70. Temos em mente que, até chegar aos anos 70, vários fatores que foram transversais a profissão, obtiveram importância decisiva na forma do agir profissional: inicialmente, a ligação com a doutrina social da Igreja, em sintonia com a vertente sócio-política vigente, a adesão de concepções sociológicas positivistas e funcionalistas, psicologização no exercício profissional, isso constitui um desdobramento de intercâmbio econômico-político-cultural estabelecido entre os Estados Unidos e os países da América Latina, entre outros.
Nos anos 70, há o importante processo de laicização do Serviço Social e sua modernização. A legitimidade profissional se transforma, refletindo no mercado de trabalho ,no qual, os assistentes sociais assumem atividades de planejamento, coordenação, acompanhamento e avaliação de programas sociais, além das atividades de execução final, que já lhes eram peculiar. O profissional passa a ser reconhecido como um planejador e também um administrador.
     As funções atribuídas a ele, se ampliam nas diversas instituições empregadoras, e o mesmo passa a ser contratado como técnico social. Os requisitos necessários passam a ser a dominação da burocracia estatal, administração e a utilização do planejamento e pesquisa social como instrumentos da prática. No final dessa década e ao longo dos anos 80, o clima politico de discussão de luta pela redemocratização do país, favorece a cultura crítica assumida pelos setores profissionais alinhados com o “projeto de ruptura”, devido a isso, aos poucos as parcelas da categoria profissional reconhecem a necessidade de recorrer a um conhecimento que consiga desvelar as contradições da realidade social possibilitando uma postura profissional voltada para as classes subalternas.
   Nos anos 90 em diante, no que diz respeito a reestruturação dos espaços institucionais públicos e privados, tem ocorrido uma crescente diferenciação dos espaços sócio-ocupacionais da profissão. As demandas se modificam, sofrendo uma redução e/ou reconfiguração de demandas tradicionais, além de novos perfis de demandas. A aquisição da profissão na esfera privada continua sendo feita, porém, a grande absorção dos profissionais continua situada na esfera pública estatal , na qual são requisitados assistentes sociais para atuar na prestação direta de serviços sociais nas instituições públicas. Entretanto, vemos que “a desvalorização política e financeira das instituições estatais têm dificultado o encaminhamento do trabalho profissional alinhado com a expansão das garantias relativas aos direitos sociais.”( Trindade)
Vimos que o mercado de trabalho do Serviço Social se ampliou ao passar do tempo, assim como seu objeto de trabalho que sofreu também a complexificação. Porém, com o sistema produtivo vigente, que comanda as relações sociais, fica cada vez mais difícil resistir a precarização do trabalho e a um Mercado cada vez mais seletivo e restrito. É de suma importância que, a classe profissional se una cada vez mais para lutar por mais espaços de emprego e pela legitimação desses espaços, visto que, cada vez mais pessoas não qualificadas ocupam, erroneamente, cargos da qualidade do Assistente Social.

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